Nada como começar o primeiro post do Eai Tai falando de algo que eu amo: LIVROS.
Vou mostrar pra vocês, um livro que eu comprei na última Feira do Livro aqui de Porto Alegre. Nunca tinha ouvido falar no Garotas de Vidro. Queria um livro e comecei a procurar nas prateleiras, balaios e tudo mais.  Estava bastante em dúvida entre Laranja Mecânica e O Poderoso Chefão ( eu tinha esse livro, antigo e tudo mais, só faltava o Don Corleone narrar a história pra mim, mas emprestei e meu amigo conseguiu perder meu livro). Como eu não estava tendo sucesso nenhum na minha busca, dei de cara com o Garotas de Vidro, e foi ele, na hora. Li a resenha mal e porcamente e lembro do meu namorado ainda ter perguntado ” Tem certeza?”  “Tenho”.  Eu não via a hora de chegar em casa e começar a ler ele de uma vez. Quando fiz isso,  duas palavras me vieram na mente: realidade impactante.

  Garotas de Vidro foi escrito por Laurie Halse Anderson, é um livro de 2012 e foi publicado pela Editora Novo Conceito. O livro mostra os dois lados dos distúrbios alimentares. Quando entramos no mundo de Lia, a personagem principal, sentimos a dor do que é estar acorrentada numa tortura psicológica dada pela própria sociedade, em busca da magreza excessiva e o corpo perfeito. Lia vê a comida como sua maior inimiga, e a cada quilo perdido, é uma força ganha. Quanto menor for o peso, mais forte e limpa ela se sente. Já Cassie, melhor amiga de Lia, come compulsiva e absurdamente, pra logo depois colocar tudo pra fora. Eram melhores amigas, até na doença, pois esse fardo veio devido a uma aposta que ambas fizeram entre si. Ser sempre a mais magra. Tudo segue normalmente, até que um dia, o corpo de Cassie é encontrado num quarto de motel. Antes de morrer, Cassie ligou 33 vezes para Lia, que não atendeu  por estarem um tanto afastadas, pensando que não seria nada de mais. Ao cair a ficha que a melhor amiga tinha morrido e ligado para ela antes de morrer, Lia começa a se sentir culpada e perguntas surgem: Por que ela me ligou? E se eu tivesse atendido? Poderia ter evitado? Isso passa a se tornar um fardo para Lia, que começa a ser assombrada por aparições da amiga morta, dizendo que a próxima será ela.
  Gente, é um livro forte ao mesmo tempo que é frágil. O assunto é violento, mas precisa ser tratado com delicadeza. Posso dizer que sei como a Lia e a Cassie se sentiram. Tive bulimia nervosa por 4 anos da minha vida.  Com 14 pra 15 anos eu pesava 75 kg, era muito pra quem sonhava em ter uma festa maravilhosa, com direito a vestido de princesa  e tratamento especial. Mas, de que me adiantava ter o vestido perfeito se eu me sentia um balão? Nada adiantava, dieta, exercícios, tudo parecia ser em vão. Decidi parar de comer. Como a minha mãe sempre foi muito insistente em relação a comida, eu era obrigada a comer pra ela ver, então parar de comer seria uma tentativa inútil, apelei em visitar o banheiro. Comia muito, até passar mal, ia pro banheiro, vomitava até sangrar a garganta. Assim, por quase seis meses, eu fui a 48 kg, foi quando minha mãe percebeu, cancelou festa de debutante, vestido de princesa, tudo! Mas mesmo assim eu não parei. Então, parei de ir pra aula, parei de socializar, parei de viver, por que me achava gorda e feia. Por pouco não fui internada em uma clínica, mas passei por maus bocados, que garanto que lá, não passaria. Enfim, consegui ajuda de pessoas que até hoje sou grata de coração, que me fizeram ver que não é nosso corpo, nossa aparência ou nossos bens materiais que nos fará ser bem aceitos pela sociedade, e sim nosso caráter e nossa honestidade.
  Por fim, esse livro me tocou bastante e consegui ver com outros olhos o buraco em que eu mesma me enfiei, me colocando no lugar das personagens. Quem lê Garotas de Vidro sente dor, passa fome, fica angustiada, o coração aperta, se vê numa prisão de grades invisíveis, mas no fim, respira aliviada e encontra a luz no fim do túnel.


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