Mãe, depois de todo aquele alvoroço de praxe, de engarrafamentos no trânsito, shoppings e lojas lotadas e de todas as felicitações que saem do armário apenas no dia das mães, eu paro e me pergunto, por que eu tenho que dedicar só um dia do ano pra ti, sabendo que desde que eu nasci, tu me dedicastes todos os dias da tua vida? É mãe, teu dia é todo dia, assim como eu acho que não existe dia do filho, por que pra vocês mães, todo dia seja o nosso dia. Não é uma questão de presente, é questão de estar presente. Mimo são ótimos, por favor, quem não gosta? Mas mãe, te digo e repito, o maior presente que eu posso garantir que vou te dar é nunca sair do teu lado e te proporcionar tudo o que tu já me proporcionou. Nessa vida, eu tenho que te agradecer, te agradeço por essa e pela próxima vida, e na próxima vida te agradecerei por tudo novamente. São agradecimentos sinceros mãe. Agradecimentos por tu ter aberto mão de viver tua vida particular pra te dedicar completamente a mim. Te agradeço de todo o meu ser por tu ser quem tu és e pelo ser que tu criou, por ter me feito assim dura, e me jogando na cara que o mundo não é aquele conto de fadas da história que tu lia pra mim, e com muita paciência e insistência me ensinou a ler sozinha, e logo era eu lendo muito mal e porcamente meu conto de fadas favorito pra ti. e tu óbvio, como mãe, achava lindo. Obrigado pelas brigas, pelo tom de voz elevado, pelos repreendimentos toda vez que eu fazia algo errado, pelo olhar de desespero quando me viu com a testa aberta e com a cara encharcada de sangue, abrindo o tacho a chorar daquela vez que eu dei de cara no muro brincando de pega-pega. Lembra?  Tu sempre me disse que um dia aquelas brincadeiras dariam em choro. Dito e feito! Obrigado por me dizer pra pegar um casaco por que vai esfriar, por me dizer pra pegar o guarda-chuva por que, por mais que estivesse calor, ia cair um toró que eu ia voltar pra casa que nem um pinto molhado. Eu pegava o casaco? NÃO Levava o guarda-chuva? NÃO. Voltava pra casa entanguida de frio e um pinto molhado. Percebeu que depois de umas três vezes assim eu não saio sem um casaco ou um guarda-chuva.  Obrigado pelas palmadas consequentes da minha teimosia e da minha petulância de aborrescente com a cara cheia de espinhas. Obrigado por me dizer que eu estava linda mesmo quando eu estava horrorosa, parecendo um botijão de capinha. Obrigado por me manter com os pés no chão, me mostrando que assim como as coisas boas acontecem, as ruins podem ser muito mais fortes que as boas. Que nem tudo são flores. Que necessidades ocorrem e que a união faz a força. Obrigado por não ter me criado aquela menininha dependente, que escolhe tudo a dedo e nunca tá satisfeita com nada. Obrigado por me colocar no batente cedo, por não sustentar meus luxos e me ensinar a correr por mim. Obrigado por me criar pro mundo. Afinal tu diz que os filhos não são nosso, e sim do mundo. Obrigado por me ensinar a pilotar um fogão, mesmo que eu não tenha aprendido tão bem quanto tu, caso tu falte, não vou morrer de fome. Obrigado por me ensinar a enfiar uma linha numa agulha, Por todas as aulas de funções mil.  Obrigado por me ensinar que quando não se tem vinagre, podemos usar limão pra temperar a salada, Afinal, quando não se tem um cão, se caça com gato! Obrigado por me passar teu gosto pelos livros, "Tu não precisa sair de casa pra conhecer lugares e coisas novas".  Obrigado pelo ombro, pelos gritos, pelos risos, pelas situações difíceis, por mostrar que eu posso contar contigo. Obrigado por me mostrar que eu sempre posso me aconchegar debaixo da tua saia, independente da situação. Obrigado por tudo.Obrigado por ter criado para o mundo uma pessoa melhor. Obrigado por mim. Obrigado por eu ser eu.  Eu te amo!


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